Consulta Pública do Projeto de Norma CNEN NN 1.05 - Programa de Gerenciamento de Acidentes Severos em Usinas Nucleoelétricas

Órgão: Comissão Nacional de Energia Nuclear

Status: Encerrada

Publicação no DOU:  08/07/2024 

Abertura: 08/04/2024

Encerramento: 07/07/2024

Processo: 01341.004535/2022-75

Contribuições recebidas: 48

Resumo

A proposta de texto para a Norma intitulada PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE ACIDENTES SEVEROS EM USINAS NUCLEOELÉTRICAS complementa o arcabouço normativo existente na CNEN, indo ao encontro do objetivo da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) de revisar e reforçar guias de segurança e o arcabouço normativas, através da incorporação dos requisitos para o gerenciamento de acidentes severos, a partir da ocorrência do acidente de Fukushima Daiichi no Japão, em 11 de março de 2011. Essa Norma tem por objetivo apresentar os requisitos para a elaboração, implementação e desenvolvimento de Programas de Gerenciamento de Acidentes Severos (PGAS) de Usinas Nucleoelétricas.

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NORMA CNEN NN 1.05

PROGRAMA DE GERENCIAMENTO DE ACIDENTES SEVEROS EM USINAS NUCLEOELÉTRICAS

1

Dispõe sobre os requisitos regulatórios para a elaboração, o desenvolvimento e a implementação de Programas de Gerenciamento de Acidentes Severos em instalações nucleoelétricas.

2

Art. 1º Esta Norma foi aprovada pela XXXª Sessão da Comissão Deliberativa da Comissão Nacional de Energia Nuclear, conforme expresso na Resolução nº XXX, de XX de XXXXXXX de 202X.

3

CAPÍTULO I
DO OBJETIVO E CAMPO DE APLICAÇÃO

4

Art. 2º A presente Norma tem por objetivo apresentar os requisitos para a elaboração, implementação e desenvolvimento de Programas de Gerenciamento de Acidentes Severos (PGAS) de Usinas Nucleoelétricas.

5

§ 1º Define-se Usina Nucleoelétrica como instalação fixa, dotada de um único reator nuclear, para a produção de energia elétrica.

6

§ 2º Define-se acidente base de projeto como as condições de acidente contra as quais uma instalação é projetada, de acordo com os critérios de projeto estabelecidos, e para as quais o dano ao combustível e a liberação de material radioativo são mantidos dentro dos limites autorizados.

7

§ 3º Define-se Condições Estendidas de Projeto como as condições acidentais postuladas que não são consideradas na base de projeto, que compreendem tanto condições de eventos sem degradação significativa do combustível quanto condições de eventos com derretimento do núcleo.

8

§ 4º Define-se Condição de Acidente Severo (AS)os desvios significativos de estado operacional, após acidente com consequências de dano ao núcleo, que possam levar à liberação de quantidades acima dos limites de dose anuais estabelecidos para o indivíduo do público, caso os dispositivos técnicos de segurança necessários para mitigar o evento em curso não funcionem como projetado.

9

Art. 3º A presente Norma aplica-se às Usinas Nucleoelétricas Existentes ou Novas, nos termos da Norma CNEN NN 1.04 - Licenciamento de Instalações Nucleares.

10

§ 1º Define-se como Usinas Nucleoelétricas Existentes àquelas que já possuem licença de construção, não sendo consideradas as licenças parciais de construção, no Brasil no momento da publicação desta norma e Usinas Nucleoelétricas Novas as que não possuem licença de construção no Brasil na época da publicação da presente norma.

11

§ 2º As usinas existentes devem adequar seu projeto de modo a resistir a acidente com danos ao núcleo ou que envolvam falhas múltiplas, ?dentro do razoavelmente exequível.?

12

§ 3º O projeto das usinas novas deve atender a condição de resistir a acidente com danos ao núcleo ou que envolvam falhas múltiplas, incorporando as evoluções tecnológicas e as lições aprendidas.

13

Art. 4º O atendimento aos requisitos regulatórios e critérios constantes na presente Norma, assim como a elaboração e execução do PGAS, são responsabilidade da Organização Operadora.

14

Parágrafo único. Para fins desta norma, define-se Organização Operadora como a pessoa jurídica possuidora de Autorização para Operação da Usina Nucleoelétrica.

15

CAPÍTULO II
DAS GENERALIDADES

16

Art. 5º Qualquer dúvida que possa existir relacionada aos requisitos regulatórios estabelecidos na presente Norma será dirimida pela CNEN.

17

Art. 6º As notificações, relatórios e demais comunicações pertinentes à esta Norma devem ser endereçadas à Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS), exceto quando explicitamente determinado de outra forma pela CNEN.

18

CAPÍTULO III
DOS REQUISITOS GERAIS

19

Art. 7º A Organização Operadora deve apresentar à CNEN e implementar um PGAS contendo, no mínimo, as seguintes informações:

20

I  - objetivos e princípios utilizados para o desenvolvimento e implementação do PGAS;

21

II  - os requisitos regulatórios associados aos objetivos e princípios utilizados para o desenvolvimento e implementação do PGAS;

22

III  - resultados de estudos determinísticos, probabilísticos e de projeto realizados para fundamentar o PGAS;

23

IV  - resultados de avaliação da eficiência das ações preventivas e mitigativas, incluindo simulações para análise de acidentes de acordo como o formato padrão vigente para os Relatórios de Análise de Segurança (RAS).

24

V  - descrição dos Procedimentos de Operação de Emergência (POE) e dos Guias de Gerenciamento de Acidentes Severos (GGAS);

25

VI  - indicação das capacidades de desempenho dos sistemas que possam ser usados para apoiar os GGAS;

26

VII  - critérios utilizados para o gerenciamento de acidentes;

27

VIII  - responsabilidades das pessoas e organizações envolvidas no PGAS;

28

IX  - critérios para o treinamento do pessoal; e

29

X  - resultados de revisões e validação de PGAS.

30

§ 1º O PGAS deve ser desenvolvido para todas as fases do ciclo de vida das Usinas Nucleoelétricas e suas informações devem acompanhar a fase do licenciamento.

31

§ 2º Para usinas novas, o PGAS deve ser desenvolvido concomitantemente ao projeto da usina.

32

Art. 8º O PGAS apresentado à CNEN deve contemplar, no mínimo, as seguintes características:

33

I  - representar uma defesa adicional contra as consequências de acidentes severos para Usinas Nucleoelétricas Existentes e Novas;

34

II  - ter como objetivo principal prevenir a ocorrência de acidentes severos e mitigar quaisquer liberações de radioatividade para além dos limites da usina, estabelecendo a refrigeração do núcleo e garantindo que qualquer ameaça em curso ou imediata às barreiras de liberação de produtos de fissão seja gerenciada;

35

III  - abranger todas as medidas técnicas e administrativas necessárias para prevenir dano severo ao combustível, bem como mitigar as consequências desse dano e garantir a estabilização e a manutenção de uma condição estável da usina a longo prazo;

36

IV  - tomar como base um estudo das especificidades da usina, para identificar e levar em conta as características potenciais de projeto, as vulnerabilidades operacionais da usina e os potenciais desafios às funções de segurança e às barreiras de produtos de fissão;

37

V  - investigar as capacidades do projeto da usina por meio do exame do seu desempenho em acidentes específicos que possam levar a dano ao combustível, incluindo acidentes severos, a fim de minimizar, tanto quanto razoavelmente possível, a liberação de materiais radioativos prejudiciais ao meio ambiente, saúde e segurança do público em geral;

38

VI  - incluir um estudo abrangendo uma combinação de métodos probabilísticos, determinísticos e julgamento de engenharia na identificação de sequências de potenciais eventos que possam levar a acidentes severos;

39

VII  - sequências de acidentes improváveis, de acordo com os resultados probabilísticos, mas analisadas nos Relatórios Finais de APS, não devem ser excluídas do desenvolvimento do PGAS.

40

VIII  - desenvolver um conjunto de estratégias para atingir os objetivos de Gerenciamento de Acidentes Severos;

41

IX  - ter como base estratégias e englobar medidas, bem como procedimentos e guias;

42

X  - desenvolver um conjunto de medidas preventivas e mitigativas, em conformidade com as estratégias de gerenciamento de acidentes.

43

Parágrafo único. No caso de sítios com mais de uma usina, considerar:

44

I  - a utilização de meios disponíveis e/ou apoio de outras unidades, desde que a operação segura das outras unidades não seja comprometida;

45

II  - as implicações do acidente em uma unidade interferir nas demais.

46

Art. 9º A Organização Operadora deve estabelecer procedimentos para manutenção e atualização do PGAS a cada 5 (cinco) anos, garantindo que o programa considere alterações na configuração da usina, novos resultados disponíveis de pesquisa sobre fenômenos físicos, além da experiência operacional relacionada a acidentes.

47

CAPÍTULO IV
DA IDENTIFICAÇÃO DOS MECANISMOS DE DESAFIO

48

Art. 10. A Organização Operadora deve efetuar um exame sistemático para identificar os mecanismos que possam desafiar as funções de segurança e/ou as barreiras à liberação de material radioativo para fornecer a base de seleção de sequências de acidentes severos.

49

§ 1º Esse exame deve basear-se, no mínimo, em:

50

I  - conclusões derivadas de um estudo de Avaliação Probabilística de Segurança (APS) nível 1 e nível 2 de escopo total;

51

II  - conclusões derivadas de Análise Determinística de Segurança (ADS) da evolução do Acidente Severo;

52

III  - resultados de pesquisas sobre acidentes severos;

53

IV  - lições aprendidas de outras usinas;

54

V  - experiência operacional na usina ou em outras usinas;

55

VI  - julgamento de engenharia.

56

VII - bases técnicas para o desenvolvimento de estratégias e procedimentos ou diretrizes; VIII - critérios da aceitabilidade de estratégias e procedimentos ou guias selecionados; e

57

IX - termos fonte de referência para os planos de emergência.

58

§ 2º As análises devem considerar a melhor representação física disponível do comportamento da usina para os eventos analisados. No caso de as análises determinísticas serem do tipo melhor estimativa, devem ser consideradas as incertezas na determinação da janela do tempo e na severidade dos fenômenos analisados.

59

§ 3º Deve ser considerado o conjunto completo de sequências que possam levar a danos ao combustível.

60

§ 4º Os códigos computacionais usados para a análise devem ser validados e aceitos pelo órgão regulador.

61

§ 5º Os resultados dos códigos computacionais devem ser interpretados considerando as limitações do modelo e as incertezas.

62

§ 6º Devem ser usados códigos de melhor estimativa.

63

§ 7º A realização de análises de sensibilidade deve ser considerada.

64

§ 8º Os analistas deverão possuir qualificação adequada à execução das atividades.

65

Art. 11. Um procedimento de categorização das sequências de acidentes severos deve ser escolhido e resultar em uma lista de grupos de sequências de acidentes que abordam o comportamento e resposta da usina, incluindo:

66

I  - degradação e derretimento do núcleo;

67

II  - falha do vaso de pressão do reator;

68

III  - falha da contenção;

69

IV  - degradação do combustível irradiado na piscina de combustível;

70

V  - degradação do combustível irradiado na unidade de armazenamento a seco, e

71

VI  - fenômenos associados a acidentes severos.

72

§ 1º A seleção das sequências de acidente deve:

73

I - abordar uma categorização adequada e um conjunto de condições de dano ao combustível; e

74

II - examinar uma lista completa de condições de dano ao núcleo para determinar um conjunto limitado de eventos iniciadores.

75

Art. 12. No caso de usinas existentes, no qual um PGAS foi implementado sem as APS nível 1 e 2 específicas, este deve ser completado e revisado, assim que esses estudos estejam concluídos e formalizados, e seus resultados devem ser usados para rever ou ratificar as estratégias e guias desse programa.

76

Art. 13. Um escopo completo dos desafios às funções de segurança e às barreiras de produtos de fissão devem incluir aqueles originados a partir de falhas múltiplas de equipamentos, erros humanos e condições postuladas na análise de segurança.

77

Art. 14. No caso de Usinas Nucleoelétricas Existentes, os desafios às funções de segurança e às barreiras de produtos de fissão devem incluir os perigos externos mais severos do que os considerados na base de projeto, derivados a partir da evolução do risco ao sítio das instalações.

78

Art. 15. No caso de Usinas Nucleoelétricas Novas, os desafios às funções de segurança e às barreiras de fissão devem incluir os perigos externos considerados na base estendida de projeto.

79

CAPÍTULO V
DA IDENTIFICAÇÃO DAS VULNERABILIDADES DA USINA

80

Art. 16. A Organização Operadora deve efetuar um exame sistemático para identificar quaisquer vulnerabilidades específicas da usina com relação a acidentes severos, para enfrentar os mecanismos de desafio, incluindo a perda das funções de segurança.

81

§ 1º Esse exame deve basear-se, no mínimo, em:

82

I  - conclusões derivadas de um estudo de Avaliação Probabilística de Segurança (APS) nível 2 de escopo total.

83

II  - conclusões derivadas de Análise Determinística de evolução do Acidente Severo;

84

III  - resultados de pesquisas sobre acidentes severos; IV - lições aprendidas de outras usinas; e  V - julgamento de engenharia.

85

§ 2º O exame sistemático deve atender, no mínimo, as seguintes finalidades:

86

I  - identificar os fenômenos dos acidentes que podem ocorrer, assim como sua esperada evolução, consequências e severidade;

87

II  - investigar como os acidentes severos vão desafiar as funções de segurança e se essas funções serão perdidas;

88

III  - identificar sequências de acidentes que provocam dano ao núcleo e estudar como a integridade de outras barreiras de produtos de fissão será desafiada e como o desempenho da contenção é afetado durante estes acidentes severos;

89

IV  - considerar eventos que afetem a piscina de combustível irradiado;

90

V  - obter uma compreensão quantitativa da probabilidade de dano ao combustível e da liberação de produtos de fissão.

91

§ 3º A seleção de eventos deve ser suficientemente abrangente para fornecer a base de orientação para o corpo técnico da usina em qualquer situação identificada, mesmo que a evolução do acidente seja muito improvável.

92

§ 4º A identificação de mecanismos potenciais de desafios ao sistema da contenção e/ou à segurança da usina deve ser suficientemente abrangente de forma a prover base para orientação ao corpo técnico da usina com respeito às medidas preventivas e mitigativas em qualquer situação prevista.

93

§ 5º No caso de Usinas Nucleoelétricas Existentes, a análise das vulnerabilidades deve considerar os riscos externos mais severos do que os considerados na base de projeto, derivados a partir da evolução do risco ao sítio das instalações.

94

§ 6º No caso de Usinas Nucleoelétricas Novas, a análise de vulnerabilidades deve considerar os riscos externos considerados nas condições estendidas de projeto.

95

CAPÍTULO VI
DA IDENTIFICAÇÃO DAS CAPACIDADES DA USINA 

96

Art. 17. A Organização Operadora deve efetuar um exame sistemático para analisar as capacidades da usina em enfrentar, atrasar e mitigar os efeitos dos mecanismos de desafio às funções de segurança e às barreiras de produtos de fissão

97

Parágrafo único. Esse exame deve considerar, no mínimo:

98

I - a definição das categorias de ações de resposta ao acidente e realizar a avaliação dos sistemas e equipamentos, assim como a avaliação dos recursos materiais necessários para executar essas ações;

99

II - a apresentação de uma descrição e análise das características de projeto para a prevenção e mitigação de acidentes severos;

100

III  - o resultado da investigação de todas as capacidades existentes na usina para cumprir as funções de segurança, inclusive as de base de projeto da usina, considerando o uso de sistemas existentes e melhorias implementadas no projeto original dedicadas à prevenção e mitigação de acidentes nas condições estendidas de projeto;

101

IV  - todas as capacidades do projeto da usina;

102

V  - os equipamentos e/ou instrumentação existentes devem ser avaliados quanto a sua capacidade de operarem em condição de acidente severo.

103

VI  - todos os equipamentos, tantos os permanentes quanto os não permanentes, podendo ser portáteis ou móveis, devem ser considerados.

104

VII  - a possibilidade do uso de alguns sistemas e/ou equipamentos, tantos os permanentes quanto os não permanentes, podendo ser portáteis ou móveis, operarem além da sua condição de projeto.

105

VIII  - a possibilidade de manter as condições necessárias para a operação continuada de equipamentos que são empregados para prevenir liberação de material radioativo para o ambiente.

106

IX  - a investigação da possibilidade de os técnicos da usina executarem ações manuais necessárias. Todas as medidas necessárias devem ser tomadas para assegurar que as ações manuais possam ser realizadas em condições ambientais da usina em situação de acidente severo.

107

X  - o comportamento e a confiabilidade do pessoal técnico, sob condições da usina durante o acidente severo, devem ser investigados e considerados no desenvolvimento dos procedimentos de operação e treinamento.

108

CAPÍTULO VII
DO DESENVOLVIMENTO DE ESTRATÉGIAS 

109

Art. 18. A Organização Operadora deve desenvolver e implementar um conjunto abrangente de estratégias de Gerenciamento de Acidentes Severos, tanto no âmbito preventivo quanto no mitigativo.

110

§ 1º O objetivo dessas estratégias de gerenciamento do acidente severo é recuperar uma condição estável da usina para os cenários de acidente de acordo com o item III do Art. 11.

111

§ 2º Deve-se identificar sistematicamente os impactos positivos e negativos das estratégias adotadas.

112

§ 3º Essas estratégias devem basear-se na avaliação dos mecanismos de desafios, das vulnerabilidades, das capacidades da usina e na fenomenologia de acidentes severos, conforme tratado nos Capítulos IV,V e VI.

113

§ 4º Estudos para apoiar o desenvolvimento dessas estratégias, incluindo a seleção de acidentes a serem considerados, devem ser realizados com base em análises determinística e probabilística (APSs nível 1 e nível 2), bem como o julgamento de engenharia.

114

§ 5º Como as estratégias podem ter efeitos diferentes sobre a segurança, devem ser definidas prioridades entre elas, observando-se os seguintes aspectos:

115

I  - no domínio da prevenção, a prioridade é a recuperação das funções de segurança e evitar a degradação do combustível;

116

II  - no domínio da mitigação, deve ser dada prioridade às medidas que atenuem grandes liberações de materiais radioativos para o meio ambiente;

117

III  - essas prioridades podem mudar durante o curso do acidente.

118

§ 6º As estratégias devem ser convertidas em procedimentos e orientações para o corpo técnico responsável

119

(nos centros de emergências, definidos conforme o Plano Local de Emergência.)

120

§ 7º Essas estratégias devem ser desenvolvidas para situações em que a energia CC é perdida após uma perda de longo prazo de toda a energia CA.

121

§ 8º Devem ser definidas prioridades entre as estratégias, considerando seus aspectos para a segurança.

122

§ 9º Os GGAS devem conter uma recomendação de que a seleção de prioridades seja revisada durante o curso do acidente.

123

Art. 19. Sempre que seja necessária a adição ou adaptação de equipamentos ou instrumentação, a Organização Operadora deve adotar providências para que a especificação dos seus projetos assegure a independência apropriada dos sistemas existentes e margens adequadas em relação ao uso do equipamento ou instrumentação em condições de acidente e/ou acidente severo.

124

§ 1º Os instrumentos e equipamentos necessários para o gerenciamento do acidente severo devem ter a capacidade de desempenhar a função de segurança a que se destina para o tempo de missão necessário em condições de acidente severo.

125

§ 2º No caso em que equipamentos ou instrumentação existentes sãoadaptados para operarem fora do seu intervalo normal de base de projeto, os guias de gerenciamento de acidentes severos para o uso de tais equipamentos devem ser atualizados em conformidade. Procedimentos operacionais dedicados devem ser desenvolvidos para os equipamentos ou instrumentação no domínio de acidentes severos.

126

§ 3º A instalação de novos equipamentos ou a adaptação de equipamentos existentes não deve eliminar a necessidade do desenvolvimento de orientação no caso de um mau funcionamento do equipamento, mesmo que tal defeito tenha uma baixa probabilidade de ocorrência.

127

§ 4º A margem de incerteza da leitura dos equipamentos deve ser considerada na tomada de decisão da estratégia adotada.

128

Art. 20. Os dados específicos para o gerenciamento de acidentes severos, obtidos a partir da instrumentação, devem ser apresentados de forma a permitir uma imediata avaliação da condição da usina e das suas funções de segurança em condições de acidentes severos.

129

Parágrafo único.  Os dados obtidos pela instrumentação na Sala de Controle devem ser enviados para a Sala do Centro de Suporte Técnico, localizada separadamente.

130

Art. 21. A Organização Operadora deve conduzir uma avaliação da disponibilidade, efetividade e limitações dos equipamentos e sistemas não qualificados para operarem em condições de acidentes severos.

131

Art. 22. A Organização Operadora deve executar uma avaliação para determinar a disponibilidade de líquido de refrigeração, energia e outros suprimentos necessários para a realização eficaz das ações de PGAS.

132

Art. 23. A Organização Operadora deverá incluir nas estratégias equipamentos e ações para proteger a contenção das consequências de um conjunto selecionado de acidentes em condições estendidas de projeto que possam levar a danos ao núcleo.

133

§ 1º A seleção desses acidentes deve ser baseada em análise determinística e probabilística, bem como em julgamento de engenharia.

134

§ 2º Os meios de proteção da contenção em condições de acidente devem atender aos seguintes objetivos: I - prover a capacidade de isolamento de contenção. Se o isolamento não puder ser garantido, devem ser tomadas medidas mitigativas das consequências da perda dessa função de segurança;

135

II  - ter a capacidade de tentar evitar a degradação significativa do isolamento da contenção, por um período razoável após a ocorrência do acidente e suas consequências;

136

III  - ter a capacidade de gerenciar a pressão e a temperatura da contenção;

137

IV  - ter a capacidade de controlar os gases combustíveis;

138

V  - proteger a contenção contra pressão acima ou abaixo dos seus limites de projeto;

139

VI  - impedir a ejeção do núcleo fundido sob alta pressão;

140

VII  - prevenir ou mitigar a interação do núcleo fundido com a base de concreto da contenção.

141

CAPÍTULO VIII
DA ELABORAÇÃO DE PROCEDIMENTOS E GUIAS 

142

Art. 24. A Organização Operadora deverá fornecer um conjunto abrangente de procedimentos e guias, envolvendo o Gerenciamento de Acidentes Severos, incluindo Procedimentos Operacionais de Emergência (POEs) e Guias de Gerenciamento de Acidentes Severos (GGAS).

143

Art. 25. Cópias impressas dos POEs e GGAS devem estar sempre disponíveis em todos os centros de gerenciamento de acidentes, em locais onde não possam ser comprometidos.

144

Seção I
Do Escopo dos POE e GGAS 

145

Art. 26. O objetivo dos POE é restabelecer ou compensar as funções de segurança perdidas e definir ações para evitar danos ao combustível.

146

Parágrafo único. Os POE devem ser aplicáveis em acidentes que tenham o potencial de causar dano ao combustível, antes da ocorrência de tal dano.

147

Art. 27. O objetivo dos GGAS é monitorar, preservar ou restaurar as funções de segurança por meio das estratégias de segurança selecionadas.

148

Parágrafo único. Os GGAS devem ser aplicáveis para mitigar as consequências dos acidentes severos nos casos em que as medidas fornecidas pelos POE não tiverem sucesso na prevenção de danos ao combustível.

149

Art. 28. A necessidade de se ter POE ou GGAS para lidar com o acidente com potencial de levar a dano ao combustível, deve ser identificada por uma análise sistemática desse tipo de acidente e das vulnerabilidades da usina para tal acidente, bem como pelo desenvolvimento de estratégias para lidar com essas vulnerabilidades.

150

Art. 29. O desenvolvimento dos POE e GGAS deve considerar fatores específicos do projeto da usina incluindo:

151

I  - estrutura organizacional do PGAS dentro das instalações, com identificação dos papéis e responsabilidades de todos os participantes do programa, incluindo pessoal dos grupos de apoio e de respostas a emergências;

152

II  - parâmetros que definem a transição dos POE para os GGAS;

153

III  - parâmetros fundamentais para diagnosticar o estado de vários sistemas do reator e da usina em toda a progressão do acidente;

154

IV  - ações a serem tomadas para suportar os desafios aos sistemas do reator e da usina;

155

V  - indicadores que possam ser usados para avaliar o sucesso das ações implementadas; e

156

VI  - protocolos de comunicação a serem seguidos durante a implementação do PGAS.

157

Art. 30. Análises abrangentes devem ser realizadas para a implementação dos POE, baseados em sintomas.  Parágrafo único.  Essas análises devem assegurar que o conjunto genérico de ações do operador, relacionadas com a deterioração de cada função de segurança, sejam suficientes para suportar o desafio mais severo.

158

Art. 31. Após a conclusão dos GGAS, deve ser verificado se todas as sequências importantes de acidentes da usina foram consideradas e que os riscos foram adequadamente reduzidos.

159

Art. 32. Os POE e GGAS devem ser escritos de forma que possam ser facilmente executados sob condições de alto estresse e devem conter detalhes suficientes a fim de assegurar que o foco se situe sobre as ações necessárias.

160

Seção II
Do Conteúdo dos POE e GGAS 

161

Art. 33. Os POE e GGAS devem conter as informações e instruções necessárias para o pessoal técnico responsável, incluindo a forma de utilização de equipamentos, bem como suas limitações, precauções e benefícios.

162

Parágrafo único.  As diretrizes também devem abordar os vários aspectos positivos e negativos das consequências das ações propostas.

163

Art. 34. Os procedimentos e guias devem conter os seguintes elementos:

164

I  - objetivos e estratégias;

165

II   - critérios de inicialização;

166

III  - janela de tempo dentro da qual as ações devem ser aplicadas;

167

IV  - duração possível das ações;

168

V  - equipamentos e recursos necessários;

169

VI  - ações a serem realizadas;

170

VII  - precauções;

171

VIII  - critérios de alteração e término;

172

IX  - critérios de transição para as disposições de longo prazo; e

173

X  - monitoramento da resposta da usina.

174

Art. 35. Os POE devem permitir ao operador um reconhecimento imediato das condições de acidente às quais se aplicam.

175

Parágrafo único. Para cumprir esta função, as condições de entrada e saída devem ser definidas no POE para facilitar a transição entre os POE e a mudança dos POE para GGAS.

176

Art. 36. O controle e os intertravamentos lógicos da usina que podem precisar ser anulados ou redefinidos para a implementação bem-sucedida de estratégias de gerenciamento de acidentes severo devem ser sistematicamente identificados. Também deve ser verificado se os potenciais efeitos negativos de tais ações foram adequadamente caracterizados e documentados.

177

Art. 37. Para procedimentos orientados com base em eventos, as decisões e medidas para responder aos acidentes devem ser efetuadas segundo o estado da usina em relação aos eventos pré-definidos, os quais são considerados no projeto e no relatório de análise de segurança.

178

Art. 38. Procedimentos orientados com base em sintomas e ao estado dos sistemas da usina são necessários para eventos que potencialmente levem a dano ao combustível.

179

Art. 39. Os POE devem conter informações complementares para melhor auxiliar os operadores na tomada de decisão.

180

Art. 40. As instruções para os POE e GGAS devem incluir ações para dar início ao procedimento de determinação ou mudança das condições do acidente, especificando as ações de resposta à emergência correspondente,mesmo antes que o centro de suporte técnico esteja operacional.

181

Art. 41. Deve ser estabelecida uma adequada interface entre POE existentes e GGAS, de forma a garantir a continuidade das ações, evitando quaisquer omissões ou contradições.

182

Art. 42. O GGAS deve ser desenvolvido de forma sistemática, usando uma abordagem específica da usina.

183

Parágrafo único.  O GGAS deve apresentar estratégias para lidar com:

184

I - cenários identificados pelas análises dos acidentes severos considerados para a usina decorrentes da perda de geometria do núcleo do reator, dano aos elementos combustíveis irradiados na piscina e dano aos elementos combustíveis irradiados na unidade de armazenamento a seco;

185

II - eventos inesperados e seus desdobramentos.

186

Seção III
Dos POE e GGAS para os Modos de Baixa Potência e Desligamento 

187

Art. 43. A Organização Operadora deve desenvolver POE e GGAS específicos para os modos de operação a baixa potência e de desligamento.

188

§ 1º O escopo desses procedimentos deve ser claramente identificado para cada uma das diferentes situações operacionais.

189

§ 2º O conjunto de acidentes para os quais os POE e GGAS são desenvolvidos deve ser selecionado de acordo com sua importância com relação a segurança, levando em consideração, entre outros aspectos, a análise de risco em modos de operação a baixa potência e de desligamento.

190

§ 3º O desenvolvimento dos POE e GGAS deve considerar as características especiais associadas aos acidentes em modo de operação a baixa potência e de desligamento.

191

§ 4º Os POE e GGAS devem abordar a recuperação das funções de segurança na piscina de combustível irradiado e na unidade de armazenamento a seco, para acidentes iniciados nessas instalações.

192

CAPÍTULO IX
DA PROVISÃO DE EQUIPAMENTOS

193

Art. 44. A usina deve ser provida de equipamentos de forma a cumprir as funções de segurança, para acidentes que possam levar a danos ao combustível, incluindo acidentes severos.

194

Parágrafo único.  Sistemas dedicados e/ou características de projeto para o gerenciamento de acidentes severos devem ser implementados.

195

Art. 45. Para algumas usinas existentes, pode-se concluir que não é possível desenvolver um PGAS que leve à redução significativa do risco, ou a um nível de risco aceitável considerando a configuração e disposição de seus equipamentos. Nesse caso, possíveis modificações na usina devem ser consideradas.  Parágrafo único. A organização operadora deve propor modificações de projetoquando incertezas na predição analítica de desafios para as barreiras de produtos de fissão não podem ser reduzidas a um nível aceitável considerando os critérios vigentes de aceitação regulatória.

196

Art. 46. Provisão de equipamentos deve ser considerada quando funções essenciais necessitam estar disponíveis por um tempo adicional e o equipamento, normalmente previsto para essa função, possa não estar disponível para tal intervalo de tempo.

197

Parágrafo único.  Ao estimar a disponibilidade por longo prazo dos componentes, no projeto do equipamento, deve ser considerada a possibilidade limitada de sua manutenção.

198

Art. 47. A organização operadora deve utilizar métodos de análise apropriados, que incorporem métricas de segurança ou de risco, no processo de tomada de decisões sobre melhorias na disposição de equipamentos.

199

Parágrafo único. A organização operadora deve considerar que as análises, no campo do gerenciamento de acidentes severos não são, em geral, conservativas, mas do tipo melhor estimativa, que por si só não geram margens.

200

Art. 48. A organização operadora deve estabelecer modificações nos equipamentos visando melhorar as características preventivas da usina.

201

Art. 49. Para o domínio mitigativo, a modernização de equipamentos deve visar a preservação da função da contenção como última barreira contra a liberação de radiação para o meio ambiente.

202

Art. 50. Devem ser tomadas medidas adequadas para remover o calor de decaimento e a energia gerada por detritos do núcleo derretido para a última fonte fria de segurança.

203

Art. 51. Alterações técnicas de projeto em Usinas Nucleoelétricas Existentes devem ser baseadas em:

204

I  - estudos de usinas similares de acordo com as recomendações internacionais;

205

II  - resultados de pesquisa de segurança de reatores;

206

III  - suporte analítico para o gerenciamento de acidentes severos; e

207

IV  - experiência operacional da própria usina ou de usinas similares.

208

Parágrafo único.  Tais alterações de projeto incluem:

209

I - integridade e estanqueidade da contenção;

210

II  - controle de pressão e temperatura da contenção;

211

III  - controle da concentração de gases combustíveis;

212

IV  - prevenção de degradação do vaso de pressão do reator;

213

V  - prevenção e mitigação do derretimento da cavidade da contenção; e

214

VI  - monitoramento das condições da contenção.

215

Art. 52. Equipamentos e sistemas utilizados para mitigar os acidentes severos devem ser, preferencialmente, independentes dos equipamentos e sistemas empregados para lidar com acidentes de base de projeto.

216

Art. 53. A confiabilidade e disponibilidade de equipamentos dedicados ou adaptados deve ser assegurada.

217

Parágrafo único. Deve ser fornecida a demonstração da capacidade e da disponibilidade desses equipamentos na execução de ações necessárias em condição de acidentes que possam levar a danos ao combustível.

218

Art. 54. Para minimizar o tempo necessário para implantar o equipamento de maneira não convencional após um acidente severo e garantir que essa implantação possa ser feita com a devida atenção à segurança dos operadores, devem ser desenvolvidos procedimentos para uso dos equipamentos não-permanentes portáteis ou móveis.

219

Art. 55. O local de armazenamento dos equipamentos não-permanentes portáteis ou móveis, deve ser protegido contra condições postuladas, incluindo riscos internos e externos.

220

Art. 56. Deve ser estabelecido um programa de testes e manutenção dos equipamentos permanentes e não permanentes portáteis ou móveis, envolvidos no gerenciamento de acidente severo.

221

Art. 57. Deve ser garantido que os equipamentos permanentes e não permanentes, portáteis ou móveis, possam ser transportados do seu local de armazenamento para o local de utilização quando forem demandados.

222

CAPÍTULO X
DA INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE 

223

Art. 58. Os principais parâmetros disponibilizados para os GGAS devem ser obtidos a partir da instrumentação da usina.

224

Art. 59. A precisão requerida dos instrumentos utilizados para o gerenciamento dos acidentes severos deve ser considerada na avaliação de recursos de instrumentação.

225

Art. 60. O emprego de instrumentação qualificada para as condições ambientais esperadas, em condição de acidente severo, deve ser o método preferido para obter as informações necessárias.

226

§ 1º A qualificação existente para instrumentos relevantes deve ser verificada.

227

§ 2º Instrumentação alternativa deve ser identificada quando a instrumentação primária não for disponível ou confiável.

228

§ 3º O efeito das condições ambientais na leitura do instrumento deve ser estimado, levando em conta que as condições ambientais locais podem divergir das condições ambientais globais e, portanto, a instrumentação qualificada sob condições globais pode não funcionar adequadamente sob condições locais.

229

Art. 61. Todas as indicações usadas para diagnosticar as condições da usina para gerenciamento de acidentes severos devem ser aferidas e qualificadas para reduzir os riscos associados a eventuais incertezas de medidas dentro de seu intervalo de validade.

230

§ 1º A gama de instrumentação usada para implementar POE deve cobrir, com margem apropriada, toda a gama de variáveis com a consideração de incertezas analíticas e erros de medição do ambiente em condições de acidente baseadas no projeto.

231

§ 2º A instrumentação usada para implementar as GGAS deve ter intervalo suficiente para cobrir, com margem adequada, os limites previstos das variáveis determinadas como parte da modelagem de acidentes severos da instalação.

232

§ 3º A instrumentação essencial para monitorar as condições do núcleo, da contenção e do combustível irradiado durante um acidente severo deve ser identificada.

233

§ 4º A instrumentação com função de monitoramento deve ser mantida durante uma perda prolongada de energia CA.

234

§ 5º Uma avaliação específica da unidade deve ser realizada para identificar os equipamentos, materiais e ações necessárias para restaurar a energia aos componentes mínimos essenciais no caso de as baterias CC instaladas se esgotarem.

235

§ 6º Todas as informações disponíveis e documentação básica sobre a instrumentação essencial e necessária para apoiar a tomada de decisões no gerenciamento de acidentes severos devem ser disponibilizadas aos membros apropriados das equipes de resposta a emergências.

236

Art. 62. Ferramentas de cálculo, gráficos pré-calculados ou fórmulas simples, devem ser desenvolvidas e qualificadas para serem usadas na obtenção de informações de parâmetros não medidos ou cujas medições não são confiáveis.

237

Parágrafo único. Essas ferramentas, em qualquer condição de mudança ou instalação de equipamentos, sistemas ou procedimentos, devem sempre ser atualizadas para dispor de parâmetros que traduzam a nova configuração adotada.

238

CAPÍTULO XI
DAS RESPONSABILIDADES E LINHAS DE COMANDO 

239

Art. 63. A Organização Operadora deverá definir claramente os papéis e responsabilidades do pessoal envolvido. Funções e responsabilidades no gerenciamento dos acidentes devem ser claramente definidas para o PGAS e para a organização de resposta a emergência geral. As responsabilidades definidas na documentação do PGAS deverão refletir-se no plano de emergência.

240

Art. 64. A Organização Operadora deve estabelecer as atribuições e responsabilidades dos seguintes participantes do PGAS:

241

I  - operadores de sala de controle;

242

II  - pessoal de campo;

243

III  - gerentes e supervisores de turnos;

244

IV  - gerente da usina / diretor de emergência;

245

V  - pessoal do centro de emergência da usina e de grupos de resposta às emergências;

246

VI  - pessoal do centro de suporte técnico;

247

VII  - outros grupos consultivos e de apoio; e

248

VIII  - pessoal do centro de emergência da operadora.

249

§ 1º Deve ser especificada de forma clara a função de cada membro das equipes.

250

§ 2º Deve ser garantida a coordenação dos participantes de modo a minimizar a possibilidade de interação negativa entre as ações realizadas por várias equipes no local.

251

Art. 65. A Organização operadora deve assegurar que, durante um acidente severo, todos os grupos tenham todas as informações necessárias para gerenciar o acidente.

252

§ 1º A Organização operadora deve definir regras e mecanismos de troca de informações entre as diversas equipes da organização de emergência.

253

§ 2º O plano de emergência local deve descrever as interfaces necessárias entre as várias partes da organização de resposta à emergência geral.

254

§ 3º Deve ser estabelecida uma estratégia de substituição da linha de comando para a condição de perda de sua estrutura original de comando e controle devido à infraestrutura danificada.

255

Art. 66. Em um evento que evolui para um acidente severo todas as transferências de responsabilidade e de autoridade devem estar claramente definidas.

256

Art. 67. O centro de suporte técnico é composto por uma equipe especializada que deve estar disponível em caso de emergência para fornecer suporte ao pessoal da operação.

257

§ 1º Critérios para a ativação do centro de suporte técnico devem ser especificados.

258

§ 2º O centro de suporte técnico deve ser responsável pela realização de avaliações e pela recomendação de ações de recuperação para a autoridade responsável pela tomada de decisão. Esse também deve ser responsável por monitorar a eficácia das medidas de gerenciamento de acidentes severos, uma vez que estas tenham sido iniciadas.

259

Art. 68. O pessoal do Centro de Suporte Técnico, responsável pelo gerenciamento de acidentes severos, deve ter um conhecimento detalhado dos POE e GGAS, assim como uma boa compreensão dos fenômenos de acidentes severos relativos aos GGAS

260

Art. 69. O pessoal do centro de suporte técnico deve estar capacitado para:

261

I  - dar suporte às operações de gerenciamento do acidente;

262

II  - conhecer o plano de emergência da instalação;

263

III  - avaliar o estado da instalação no momento e durante a evolução do acidente;

264

IV  - identificar e recomendar possíveis opções de estratégias para o gerenciamento do acidente.

265

Art. 70. A acessibilidade e a habitabilidade dos centros de emergência em condições de acidente severo devem ser asseguradas, atendendo aos requisitos regulatórios da Norma CNEN NN 3.01.

266

Art. 71. Os meios de comunicação entre os diferentes grupos de emergência devem ser estabelecidos com redundância, diversidade e separação física.

267

CAPÍTULO XII
DA VERIFICAÇÃO E VALIDAÇÃO

268

Art. 72. Os POE e GGAS devem ser verificados e validados na sua forma de aplicação em campo para garantir que eles sejam administrativa e tecnicamente corretos para a usina e compatíveis com o ambiente no qual eles serão usados.

269

Parágrafo único.  Essa validação deve incluir a modelagem de cenários de acidentes selecionados com e sem consideração das ações de gerenciamento do acidente, bem como treinamentos e exercícios.

270

Art. 73. A abordagem para treinamento utilizada para verificação e validação específicas para a usina deve ser documentada.

271

§ 1º A eficácia na incorporação de princípios de engenharia de fatores humanos em procedimentos e orientações deve ser realizada no processo de validação.

272

§ 2º A validação dos POE deve ser baseada em simulações representativas, empregando um simulador de escopo completo.

273

§ 3º A validação dos GGAS deve avaliar a precisão técnica, adequação e documentos de referência, bem como a capacidade do pessoal para segui-los e implementá-los, através de treinamento.

274

CAPÍTULO XIII
DO TREINAMENTO E EXERCÍCIOS

275

Art. 74. A Organização Operadora deve estabelecer programas de treinamento e qualificação para os vários grupos organizacionais envolvidos no gerenciamento dos acidentes.

276

Art. 75. O programa de treinamento deve apresentar uma metodologia que permita mensurar a sua eficácia.

277

Art. 76. Os POE e GGAS devem ser objeto de treinamento intensivo e específico, abrangendo:

278

I  - a resposta à emergência da usina, usando os POE;

279

II  - o pessoal do turno de operação e do suporte técnico local;

280

III  - as incertezas na magnitude e no tempo dos fenômenos de acidentes severos;

281

IV  - a simulação de resposta de instrumentação degradada ou indisponível, ou um atraso na obtenção da informação;

282

V  - perda ou falha de comunicação entre técnicos/equipes envolvidos; e

283

VI  - ações e intervenções para anular ou redefinir intertravamentos lógicos do controle da instalação durante o curso do acidente.

284

Parágrafo único.  A transição do POE para GGAS deve ser exercitada para gerenciamento de acidentes severos.

285

Art. 77. O treinamento em simulador de escopo total deve ser praticado regulamente para o pessoal operacional dos turnos de operação e do suporte técnico local, atendendo os requisitos regulatórios da Norma CNEN NN 1.01.

286

Art. 78. A resposta a emergência da usina deve ser praticada em simulador de escopo total, usando os POE, para fornecer conhecimentos e habilidades necessárias ao pessoal operacional.

287

Art. 79. Gerentes e operadores sêniores da usina devem ser treinados para dirigir o pessoal da usina, usando a informação disponível e os sistemas e equipamentos da usina para mitigar as consequências dos acidentes severos.

288

§ 1º Os operadores devem ser treinados no reconhecimento de situações em que os POE não são adequados e os GGAS devem ser usados.

289

§ 2º A interface entre GGAS e plano de emergência deve ser considerada, incluindo a declaração de emergência e as correspondentes mudanças organizacionais.

290

Art. 80. Intervenções requeridas pelos GGAS e necessárias para restaurar as funções de segurança devem ser planejadas e regularmente exercitadas.

291

Art. 81. Os treinamentos devem abordar as funções a serem executadas pelos diferentes grupos, incluir treinamentos e exercícios para permitir a avaliação das interações entre os vários grupos envolvidos no PGAS, de modo a garantir o entendimento das ações a serem implementadas.

292

Art. 82. A O escopo de treinamento deve considerar a utilização de equipamentos portáteis e móveis, considerando que estes possam ser fornecidos por outras unidades do mesmo sítio.

293

Art. 83. Os programas de treinamento em gerenciamento de acidentes devem ser revistos periodicamente e atualizados conforme necessário, para atender aos novos conhecimentos e experiência operacional nacional e internacional.

294

CAPÍTULO XIV
DA REVISÃO E ATUALIZAÇÃO DOS POE E GGAS

295

Art. 84. A Organização operadora deve estabelecer procedimentos para manutenção e revisões periódicas do POE e GGAS para garantir a sua eficácia e eficiência.

296

§ 1º Em caso de alterações dos POE ou GGAS, o procedimento ou guia afetado deve ser submetido a processo de verificação e validação, conforme apropriado.

297

§ 2º A definição dos procedimentos para a atualização dos POE e GGAS deve ser baseada em recomendações e experiência nacional e internacional.

298

§ 3º As revisões devem considerar informações obtidas a partir de ensaios, exercícios, programas de treinamento, verificação e validação, análises de segurança, investigação experimental, alteração de equipamentos e/ou sistemas ou outras fontes.

299

CAPÍTULO XV
DA GARANTIA DA QUALIDADE

300

Art. 85. A Organização Operadora deve desenvolver e implementar um programa de garantia da qualidade abrangente para ser aplicado a todas as atividades que afetam a qualidade dos resultados da implementação do PGAS, em conformidade com as normas da CNEN e com as boas práticas internacionalmente reconhecidas.

301

Art. 86. A Organização Operadora deve desenvolver e implementar um conjunto de procedimentos e/ou instruções da garantia da qualidade para ser aplicado ao processo de análise de acidentes, incluindo:

302

I - aquisição e verificação dos dados da usina;

303

II  - verificação e validação do modelo da usina;

304

III  - aprovação do método de análise;

305

IV  - definição das responsabilidades dos indivíduos e da organização envolvidos na análise e no treinamento de analistas de segurança;

306

V  - processo de controle de não-conformidades; e

307

VI  - processo de controle para métodos e ferramentas validados e aceitos.

308

VII  - processo de revisão e atualização contínua.

309

Art. 87. A Organização Operadora deve definir o processo a ser usado para analisar os resultados do PGAS.

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